Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai iniciar um projecto, em colaboração com o Instituto de Biologia Molecular e Celular, para testar se as células da medula óssea podem regenerar os vasos sanguíneos do pénis em diabéticos.
A Sociedade Europeia da Medicina Sexual atribuiu um prémio de 30 mil euros à equipa devido, acredita a investigadora Carla Costa, “à originalidade e inovação do projecto, quer no tema proposto quer na abordagem experimental”.
Este estudo “é pioneiro na área da disfunção eréctil, não se encontrando estudos prévios publicados na literatura”, afirmou em declarações ao «Ciência Hoje».
O grupo da FMUP trabalha nesta área desde 2006, tendo publicado em 2009 um trabalho onde mostrava que o tecido no tecido peniano de homens diabéticos ocorria um aumento de morte celular programada (apoptose) nas células endoteliais que revestem a vasculatura do pénis.
A investigadora explica que “quando existe morte celular, o próprio organismo tende a activar mecanismos de reparação e regeneração”. No caso do tecido vascular existem dois mecanismos de reparação: “a angiogénese (processo local em que células endoteliais viáveis são estimuladas a proliferar) e a vasculogénese (processo sistémico em que células progenitoras endoteliais, EPCs, são recrutadas da medula óssea para locais de regeneração vascular onde se diferenciam em células endoteliais integrando a vasculatura)”.
Não se conhece por completo se as EPCs participam no processo de reparação vascular no pénis, por isso, o grupo elaborou um projecto com vista a clarificar esta questão.
A investigação direcciona-se “somente para casos de disfunção eréctil associada à diabetes”. Esta disfunção é “extremamente comum em homens diabéticos tendo um impacto significativo na sua qualidade de vida”.
Os fármacos normalmente utilizados no tratamento deste problema têm um efeito “muito reduzido nos diabéticos, sendo, assim, essencial toda a investigação básica que possa contribuir para eventuais novas abordagens terapêuticas”, considera.
É com “muito entusiasmo” que os investigadores aguardam pelos resultados, que devem começar a aparecer entre 18 e 24 meses.